A empresa russa de cibersegurança Kaspersky teve um ano difícil com os Estados Unidos em meio a reivindicações de que seu software escaneava e roubava documentos de interesse do Kremlin. Com o uso de seus programas por agências do governo dos Estados Unidos banido, a companhia decidiu fechar a matriz na área próxima a Washington, em Arlington, Virginia.
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“Estamos fechando nossas instalações em Arlington já que a oportunidade para qual o escritório foi aberto já não é mais viável”, disse um porta-voz da Kaspersky ao TechCrunch.
As autoridades dos Estados Unidos começaram a se preocupar com o uso dos produtos da Kaspersky em sistemas sensíveis do governo no começo do ano como parte de uma reavaliação de segurança geral vinculada a acusações de influência russa nas eleições de 2016.
O Wall Street Journal noticiou um incidente de interesse particular em que a suíte de segurança teria identificado arquivos no computador de um contratado da Agência Nacional de Segurança (NSA), permitindo que os russos visassem o dispositivo para um ataque.
A Kaspersky abordou o assunto como um grande mal-entendido e se comprometeu com a permissão de revisão de seu código-fonte por terceiros. No entanto, em setembro, o Departamento de Segurança Interna (DHS) dos EUA impôs um prazo de três meses para que as agências federais excluíssem o software. Esse prazo expirou recentemente.
“O Departamento está preocupado com as ligações entre determinados funcionários da Kaspersky e a inteligência russa e outras agências governamentais, e requerimentos de acordo com a lei russa que permitem às agências de inteligência russas solicitar ou compelir assistência da Kaspersky para interceptar comunicações que transitem em redes do país”, escreveu o DHS em um comunicado. “O risco de que o governo russo, seja agindo por conta própria ou em colaboração com a Kaspersky, possa capitalizar o acesso oferecido pelos produtos da Kaspersky para comprometer informações federais e sistemas de informação implica diretamente na segurança nacional dos Estados Unidos.”
Problemas semelhantes levaram o Reino Unido a tomar medidas similares, mas não relacionadas, no início deste mês.
Segundo a Bloomberg, a decisão de fechar o escritório próximo à capital dos Estados Unidos não é um indicativo de que a Kaspersky perdeu o interesse no mercado norte-americano. A empresa ainda planeja abrir três escritórios em Chicago, Los Angeles e Toronto, embora focará em vendas para empresas privadas e pessoas físicas. O vice-presidente da empresa, Anton Shingarev, disse à Bloomberg que espera que os Estados Unidos não tomem mais medidas contra sua empresa e afirmou que também se opõe que os russos tomem medidas de retaliação.
“Sou contra quaisquer proibições”, disse Shingarev. “Quaisquer medidas protecionistas poderiam ser muito perigosas no longo prazo. Temos grande experiência em proteger bancos contra hackers russos, e, se os Estados Unidos nos banir de seus bancos, isso seria um tiro no pé.”
[TechCrunch]